Fiquei profundamente incomodado assistindo, e não pelo filme ser ruim, muito pelo contrário. Existe algo intrínseco no texto, nas imagens, nos personagens, que nos conta sobre apagamento, desconsideração, tornar o humano em algo impróprio, errado. Interpreto o missionarismo católico como o grande vilão do filme, no momento em que sabemos que isso deletou culturas inteiras pela América e pelo mundo, assassinou não só vidas e memórias como crenças e línguas até o último sobrevivente, e como isso foi mostrado em entrelinhas um tanto claras no contexto do filme.
A reação de Evaristo quando María diz que sabe sobre eles dois, nada mais é que vergonha e culpa cristã e não posso o culpar por isso (muito embora ele tenha sido um enorme idiota com o Isauro). Quando a religião penetra através de discursos mórbidos e atribui a Deus um comportamento doutrinador e punitivista, é difícil ver algo fora dessa caixa como normal ou minimamente saudável. É tudo bizarro, errado, e não seria diferente nessa história especialmente por se tratar de uma relação homossexual. E por mais que o último falante fluente em Zikril ainda viva, ele não está por completo vivo, como ele mesmo diz em outras palavras no fim do filme. Está amargurado, morto por dentro, por não ter falado e vivido tudo que sentia.
Enfim, tudo de místico e indecifrável nesse filme é lindo, sejam as conversas em Zikril ou os planos em meio à floresta, o som dos pássaros e as chuvas que carregam um enorme significado sentimental à história. Sinto tanto por Evaristo quanto por Isauro.
"Você é um grande filho da puta, Tião. Teve um massacre na porta daquela fábrica. Nós somos um merda pra eles, e tu lá dentro, de bom moço, vendo teu pai levando cacetada sem sangue pra reclamar, sem sangue pra reagir, porra! Eu não queria que tu fosse herói, eu queria que tu fosse gente! Qual é teu ideal na vida, ein? é uma mulherzinha fazendo comidinha gostosa? é um filhinho estudando num coleginho legal, tudo limpo? Eu também quero o limpo e o gostoso, eu também quero uma vida decente mas não a esse preço! Eles tão fodendo a gente e tu ajudando a foder. Que vergonha, Tião. Que vergonha."
Vá e veja soa como um tenebroso convite às entranhas da guerra, onde tudo, tudo mesmo, acontece. Para sentir na língua todo esse gosto ruim de ver um mundo inteiro desmoronando sem ter muito o que fazer a não ser sobreviver (sem ideia de a que custo). O pobre Florya foi e viu, e é muito significativo o pisar no ninho do início do filme. A ave o persegue, como se velasse sua perda ao pé do malfeitor, como se cobrasse uma retratação, um mínimo arrependimento sequer, algo que a confortasse. O menino que brinca de ser soldado nunca teria como saber que veria a violência em seu nível mais devastador, de tantas maneiras e com tantas pessoas, quando tudo aquilo não fosse mais uma brincadeira. E nos olhares que nos encaram estão estampados todos os sentimentos que emergem à guerra, e seja inimigo ou aliado, todos os olhos estão insanos, quebrados, perdidos. O que sobra desse mundo em pedaços são cinzas e história.
Não cabem comparações diretas com "Que horas ela volta?" aqui pois apesar de estruturas semelhantes as circunstancias e perspectivas apresentadas são bem diferentes. Esse filme é perspicaz e sutil ao mesmo tempo que é simples e consistente. Estão ali, bastante expostas e ao mesmo tempo nas entrelinhas, críticas ao distanciamento familiar, à alta sociedade "esclarecida e benevolente" que ostenta um orgulho pétreo e danoso, ao pouco caso na relação patrão-empregado, à invasão de privacidade, à desigualdades sociais, entre outras. É um filme cheio de assuntos e subtramas e é muito bom como eles são trazidos e amarrados à situações tão cotidianas, por mais que nem sempre bem trabalhadas. É muito conveniente a simplicidade na fotografia e direção, pois é como assistir a uma família normal, sendo perfeitamente normal, mesmo que essa "normalidade" seja disfuncional como vimos que é. O elenco se entrega e tem um entrosamento muito bom e o filme ganha demais com isso, destaque pra Marcelo Novaes, tá sensacional.
A cena do Jean indo na casa do Severino em meio a um breakdown é o suco do jovem de classe alta que nunca desejou a vida que tem. É foda justificar atitudes e falar por alguém que financeiramente sempre teve tudo, mas a situação em que aquele menino se viu em vários momentos é quase como um beco sem saída, um fim de linha, pois emocionalmente era como não ter nada. Dinheiro compra muita coisa, mas não comprava o mais importante pra ele e eu me compadeci.
No mais, o que vemos em Casa Grande é uma série de alforrias, voluntárias ou não, que guiam a história por um caminho muito belo de auto descoberta, liberdade e aproximação com o que realmente importa. Um bom filme.
Notei três cenas onde a água é um elemento presente e marcante, que não só está ali por um fator estético mas por significância também. Em duas cenas (uma no início e outra no fim) as cataratas aparecem em toda sua vazão, cheias de fúria e impulsividade, como o grande movimento emocional do protagonista; E em outro momento (por volta de uma hora de filme, após uma intensa cena de briga) ele num barco, quase beijando a superfície calma do rio, sob um grande abatimento moral, numa espécie de ressaca emocional, pronto para afundar a qualquer momento. Melancolia em seu ponto mais profundo e honesto.
É o tipo de história de amor que eu adoro assistir: inesperado, ardente e impossível. É lindo e perfeitamente natural, como abrir uma janela e se apaixonar pela vista, mas antes ter passado por todos os cômodos da casa. É construído pelos detalhes, desde os diálogos oportunos, aos planos inteligentes (a exemplo do fogo quase sempre presente ou da cena do penhasco com a Marianne em primeiro plano e a Heloise em segundo), e os olhares. Ah, os olhares desse filme! Reveladores, apaixonados, intensos, como uma labareda. É um filme completo pois usa tudo a seu favor, os cenários, o figurino, os suspiros, o som do beijo e do mar agitado. É gostoso de assistir, ouvir e sentir. Belissimo!
O filme é uma viagem - consciente ou não - pela mente humana, seus pensamentos, prazeres, cicatrizes... Uma história que mistura passado, presente e futuro numa trama melancólica e reflexiva. A melhor cena pra mim, a da conversa pelo interfone (aliás, que ideia genial), é absurdamente linda e imersiva, você mergulha na profundidade da conversa, da chuva, dos personagens, um deles sem nem aparecer fisicamente. E por mais que o filme tenha o viés ficcional de uma mão que procura seu corpo, tudo não passa de uma bela metáfora mutável onde em cada corpo vai haver um significado diferente. Todo mundo tem uma mão perdida por aí e quem não tem, que sorte.
A liquidez dos relacionamentos não é um bicho papão pra nós hoje em dia, mas já foi em outra época e acho que o filme fala justamente desse terror, desse embaraço que é relacionar-se com alguém que não sente nada por você, essencialmente pela ótica feminina. O filme carrega frases poderosas sobre isso e eu entendo que apesar do ano de realização ser bem próximo ao dia de hoje os tempos eram outros. Ter um smartphone na mão equipado com DM, Tinder, Whastapp e todo tipo de facilitador pro encontro é um salto que intensificou muito o não-compromisso das pessoas entre si. Não compromissar-se, seja pela falta da aliança no anelar ou do status no Facebook, é um tabu pra muita gente e um tabu justo, perfeitamente válido. A utilidade e o serviço desse filme reside no alerta pra todas as pessoas, que querem ou não relacionamentos e compromissos, para que, ao fazê-lo, que ao menos pense no outro. Empatia e responsabilidade emocional é mais importante agora do que nunca com toda essa liquidez afetiva, e essa comédia romântica de 2009 já batia nessa tecla.
Aquarius é um filme sobre ausência. Como ela nos detém cativos, como nos arrasta pelo chão, nos drena de dentro pra fora em agonia, e principalmente como temos medo de perder, mas não por perder, e sim por ter que aceitar a ausência. Clara sofreu perdas durante a vida toda, a mama, o marido, a tia, amigos e amigas, até que ela é ameaçada pela perda do apartamento, então ela decide que não vai perder mais. Ela nos ganha quando somos levados pra dentro de seu apartamento, quando entramos nos cômodos, nas paredes, nos móveis, a partir dos closes abertos que se fecham e dos fechados que se abrem, dos passeios de câmera lentos e das várias outras técnicas que KMF faz uso e que nos transporta pras retinas, pensamentos e memórias de Clara enquanto alguém que um dia ganhou aquele canto e se recusa a perdê-lo. E somos dragados pela perspectiva dela não de forma brusca ou forçada, somos praticamente convidados a entendê-la e por que é tão importante que ela fique naquele lugar e resista à prepotência do capital. Falo por mim: como Clara, eu optei por ficar, pois ficar é resistir, é lembrar, é ganhar. Clara é uma ganhadora.
A cena da colega anunciando que o salário caiu é sensacional. Vê-los reagindo a algo de certa forma corriqueiro mas tão esperado foi mt emocionante pq esse é um sentimento REAL do brasileiro pobre e médio. Ver a conta ser irrigada com dinheiro e ter a certeza, o alívio de que dará pra pagar as contas, fazer compromissos. Todo dia a gente sofre vendo o jornal pq a cada notícia temos a certeza que se governa pra todo mundo menos pra quem mais precisa. O pobre batalhador do Brasil sofre e esse filme é uma demonstração tão fiel e honesta disso que emociona. Prevalece a melancolia de ver um brasil tão esquecido sendo representado. Lindo, lindo!
Acho que o que mais me doeu vendo esse filme foi constatar que esta provavelmente é a realidade não só do Zain, mas de MILHARES DE CRIANÇAS pelo mundo todo, especialmente em zonas de guerra como o Oriente Médio. A vulnerabilidade, o abandono, é de cortar o coração. Uma criança de 12 anos passando por tanto, você só se pergunta qual o sentido de tudo, pra que as guerras, pra que as disputas, se não estamos sequer protegendo quem sofrerá do nosso legado? Se não há paz na infância, o que sobra? Se não há INFÂNCIA, o que sobra? É inadmissível, inquietante, revoltante o pesar, as responsabilidades, o STRESS, tão cedo na vida. Enfim, é um drama primoroso em te arremessar no ambiente, naquela situação, te colocar em desconforto, questionamento. No mínimo para-se pra pensar no tanto de privilégio que a gente usufrui diariamente, frente a seres humanos que estão em risco de vida 24/7.
Ao longo do filme (todo falado em árabe) eu ouvi uma vez uma palavra que a pronúncia era parecida com "Capharnaum" e na legenda ele traduziu pra "Compreendido". Achei que a tradução era esta mas pesquisei e na verdade quer dizer "local com tumulto ou desordem" (se alguém souber a tradução definitiva comenta aqui pf). Aparentemente a palavra tem origem bíblica e quer dizer "vila de Naum", uma cidade que fora amaldiçoada por Jesus. Se o uso da palavra como título do filme toma este como significado, faz muito sentido diante da história. Há caos, há desordem, na cafarnaum vida de Zain.
É incrível o dom de Cuaron em retratar a pluralidade social mexicana. A história é feita de hormônios e desejos enquanto anda de mãos dadas com a tragédia do viver. Fala sobre a vontade incontrolável que toma a carne, sobre arrependimentos e mágoas, sobre jovialidade e passagem de tempo. Em como somos egoístas, frágeis, impotentes diante do desejo do outro. Um road movie onde sua história possui curvas, ladeiras, paisagens e obstáculos, como a própria estrada. Ao subir os créditos você percebe que cada ser humano pode carregar pra sempre, em seu ponto mais profundo, os seus maiores segredos e que isso ocupa um espaço enorme da gente, e é ainda maior quando é dividido com outra pessoa. E prova que alguns sabem conte-los pra sempre, custe o que custar. Somos mares intensos, infinitos e extremamente profundos, enquanto a vida paira superficialmente sumindo num sopro de instante, como a espuma. FILMAÇO!
É tipicamente um filme sobre racismo pela visão de brancos. As vezes fiquei com a impressão de que tentam "justificar" o racismo ou até mesmo desmerecer o contexto pra que isso pareça mero estremecimento moral da época, quando na verdade os Estados Unidos protagonizaram cenas lamentáveis de segregação racial, principalmente no período retratado. Durante algumas discussões dos dois me pareceu que era mais grave o fato de Dr. Shirley ser rico e Tony pobre, fazendo-o parecer a grande vítima da história - um imigrante trabalhador que luta pra sustentar a família - enquanto Don sai de garotinho mimado e chiliquento. As mensagens a serem passadas sobre racismo muitas vezes são encobertas por momentos de humor dispensáveis e forçados e sinceramente a grande cena que faz o filme valer a pena é a da discussão na chuva, que traz a tona os pensamentos e angústias do calado Dr. Shirley, que em muitas mostrou-se frágil e indefeso (um ponto que gostei a título de construção do personagem, mas ao mesmo tempo não gostei, pois Tony sempre surge como salvador da pátria e defensor das minorias, quando na verdade é só mais um americano violento e armado querendo mostrar serviço). A cena do banheiro foi tratada com tamanha frieza que parece nem ter sido um dos momentos mais pesados do filme. E afinal, o 'tal green book' teve que papel nesse filme?
Enfim, não deixa de entreter mas é um retrato pobre e raso dessa história interessante tratada como comédia mas que com certeza divertiu mais a brancos do que a negros.
Gaspar Noé fez um excelente trabalho na edição e direção, produzindo esses planos sequencia longuíssimos - se houve algum corte ficou imperceptível - e esses passeios de câmera estonteantes (literalmente kkk). Os depoimentos do inícios dão profundidade suficiente pros personagens, achei que foi uma forma muito sagaz de introduzi-los, e então aparecem todos juntos naquela coreografia estonteante e as coisas começam a acontecer de fato. É tudo extremamente caótico, mas ao mesmo tempo muito fluido, pois a produção e o elenco ajudam. Inclusive é notável devoção do elenco aos seus respectivos papeis. Enfim, é um ótimo filme, principalmente no quesito técnico, que requer um pouco de coragem pois é um campo minado repleto de gatilhos.
Se Alfonso foi premiado por seus outros filmes incríveis, por este ele merece muito mais. Não porque ele - enquanto homem branco - "está salvando vulneráveis como a Cleo tirando-os do esquecimento ou da injustiça social" como vi algumas pessoas falando, mas porque foi franco em contar um pedaço da sua própria história sem que ele fosse o protagonista. A casa de classe média mexicana no bairro do Roma é mero acessório, adorno à real história que assistimos pela Netflix e que Cuarón com muito apuro técnico e sensibilidade resolveu contar. Cleo sofre não só com as desvantagens sociais que a obriga a cair no mundo pra ganhar dinheiro e mesmo assim passar necessidades e aturar os mais variados desaforos, mas com a maldade do mundo e do homem. É lindo mas triste ver que sua devoção ao trabalho, à vida das crianças dos outros, supera a importância da própria vida, como se importasse mais pra ela. Assim como em Que horas ela volta? - sim, os filmes tem suas semelhanças e isso não é problema algum - me peguei refletindo sobre a vida dessas pessoas, tantos homens e mulheres, principalmente o ultimo, que saem de suas casas pra trabalhar na casa dos outros e por mais que "se tornem parte da família" sempre haverão restrições e limites que nunca os farão se sentir em casa. E é desde o início do filme, naquela cena intimista na laje da casa, por entre o meio, quando ela é a responsável por apagar as luzes da casa numa cena inesquecível em 360 graus, até o final, com todos abraçados na praia, que tudo se mostra real, sincero. O filme também faz um paralelo inteligente sobre abandono parental em ambas as classes retratadas, mostrando que nenhuma mulher está imune. Os aviões enquanto figuras metafóricas acessórias são incrivelmente eficientes, nos forçando a paciência de vê-los passar lentamente, assim como o tempo, que de fato passa e cura - não importando quanto tempo leve. No auge de sua técnica cinematográfica e do seu sentimentalismo realista, que afaga e estapeia ao mesmo tempo, Cuarón nos presenteia com um filme simples e eterno. Sobre a Cleo que ele conheceu no Roma para todas as Cleos do mundo.
Uma cena em especial me cativou que foi a que ela e o pai conversam rapidamente em seu quarto. Enquanto ela está em uma extremidade do quadro, com a luz do celular no rosto e um mundo inteiro nas mãos, o pai está parado à porta na outra extremidade perguntando trivialidades enquanto a luz do corredor invade o quarto escuro. Fiquei pensando em como os pais estão cada vez mais distantes da realidade dos filhos - principalmente sendo estes adolescentes - e como isso pode ser fatal pra relação de ambos e pra saúde mental do jovem. Ela buscou tranquilizá-lo sobre sua situação atual, e ele, sem parecer desconfiar, acatou e "ficou tudo bem" por isso mesmo. Enquanto não houver diálogo, proximidade e confiança, haverá insegurança, autodestruição e ansiedade. O pai fecha a porta e ela volta a ficar só, em seu quarto escuro.
Não é sobre quem estava certo ou errado - por isso esse final -, mas sobre julgamentos. Expõe-se uma serie de falhas em todas as partes, como machismo estrutural, representado na figura do professor, do pai e do delegado, a ineficiência da direção do clube em resolver o problema de uma forma menos traumática e o pré-julgamento precipitado dos pais, que, munidos das redes sociais, fizeram alarde da história sem que antes ela fosse investigada e esclarecida. Fica também um puxão de orelha nos pais que, distantes do convívio com os filhos, não são próximos o suficiente pra discernir suas atitudes e que ainda por cima desenvolvem um relacionamento abusivo baseado no medo e na hierarquia patriarcal. De fato o filme pode se arrastar em detalhes não importantes e deixar rasa a abordagem de alguns temas trazidos, mas ainda assim o mesmo coloca à mesa das famílias temas atuais e importantes que precisam ser refletidos.
O luto a partir da morte em três estágios diferentes da vida. Paralelos emocionantes, dolorosos e reveladores sobre como cada um lida com sua dor, e como receber ajuda pode te fazer florescer novamente. LINDO!!
Belíssima cenografia e trilha sonora e ótima atuação de Marjorie Estiano. Achei o folclore leve e cativante, mas confesso que a segunda parte dá uma caída de qualidade em todos os aspectos. Entretanto é uma boa ficção nacional e vale muito a assistida.
Eu Sonho em Outro Idioma
4.1 38Fiquei profundamente incomodado assistindo, e não pelo filme ser ruim, muito pelo contrário. Existe algo intrínseco no texto, nas imagens, nos personagens, que nos conta sobre apagamento, desconsideração, tornar o humano em algo impróprio, errado. Interpreto o missionarismo católico como o grande vilão do filme, no momento em que sabemos que isso deletou culturas inteiras pela América e pelo mundo, assassinou não só vidas e memórias como crenças e línguas até o último sobrevivente, e como isso foi mostrado em entrelinhas um tanto claras no contexto do filme.
A reação de Evaristo quando María diz que sabe sobre eles dois, nada mais é que vergonha e culpa cristã e não posso o culpar por isso (muito embora ele tenha sido um enorme idiota com o Isauro). Quando a religião penetra através de discursos mórbidos e atribui a Deus um comportamento doutrinador e punitivista, é difícil ver algo fora dessa caixa como normal ou minimamente saudável. É tudo bizarro, errado, e não seria diferente nessa história especialmente por se tratar de uma relação homossexual. E por mais que o último falante fluente em Zikril ainda viva, ele não está por completo vivo, como ele mesmo diz em outras palavras no fim do filme. Está amargurado, morto por dentro, por não ter falado e vivido tudo que sentia.
Enfim, tudo de místico e indecifrável nesse filme é lindo, sejam as conversas em Zikril ou os planos em meio à floresta, o som dos pássaros e as chuvas que carregam um enorme significado sentimental à história. Sinto tanto por Evaristo quanto por Isauro.
Eles Não Usam Black-Tie
4.3 286"Você é um grande filho da puta, Tião. Teve um massacre na porta daquela fábrica. Nós somos um merda pra eles, e tu lá dentro, de bom moço, vendo teu pai levando cacetada sem sangue pra reclamar, sem sangue pra reagir, porra! Eu não queria que tu fosse herói, eu queria que tu fosse gente! Qual é teu ideal na vida, ein? é uma mulherzinha fazendo comidinha gostosa? é um filhinho estudando num coleginho legal, tudo limpo? Eu também quero o limpo e o gostoso, eu também quero uma vida decente mas não a esse preço! Eles tão fodendo a gente e tu ajudando a foder. Que vergonha, Tião. Que vergonha."
Incrível e potente
Vá e Veja
4.5 754 Assista AgoraVá e veja soa como um tenebroso convite às entranhas da guerra, onde tudo, tudo mesmo, acontece. Para sentir na língua todo esse gosto ruim de ver um mundo inteiro desmoronando sem ter muito o que fazer a não ser sobreviver (sem ideia de a que custo). O pobre Florya foi e viu, e é muito significativo o pisar no ninho do início do filme. A ave o persegue, como se velasse sua perda ao pé do malfeitor, como se cobrasse uma retratação, um mínimo arrependimento sequer, algo que a confortasse. O menino que brinca de ser soldado nunca teria como saber que veria a violência em seu nível mais devastador, de tantas maneiras e com tantas pessoas, quando tudo aquilo não fosse mais uma brincadeira. E nos olhares que nos encaram estão estampados todos os sentimentos que emergem à guerra, e seja inimigo ou aliado, todos os olhos estão insanos, quebrados, perdidos. O que sobra desse mundo em pedaços são cinzas e história.
Casa Grande
3.5 576 Assista AgoraNão cabem comparações diretas com "Que horas ela volta?" aqui pois apesar de estruturas semelhantes as circunstancias e perspectivas apresentadas são bem diferentes. Esse filme é perspicaz e sutil ao mesmo tempo que é simples e consistente. Estão ali, bastante expostas e ao mesmo tempo nas entrelinhas, críticas ao distanciamento familiar, à alta sociedade "esclarecida e benevolente" que ostenta um orgulho pétreo e danoso, ao pouco caso na relação patrão-empregado, à invasão de privacidade, à desigualdades sociais, entre outras. É um filme cheio de assuntos e subtramas e é muito bom como eles são trazidos e amarrados à situações tão cotidianas, por mais que nem sempre bem trabalhadas. É muito conveniente a simplicidade na fotografia e direção, pois é como assistir a uma família normal, sendo perfeitamente normal, mesmo que essa "normalidade" seja disfuncional como vimos que é. O elenco se entrega e tem um entrosamento muito bom e o filme ganha demais com isso, destaque pra Marcelo Novaes, tá sensacional.
A cena do Jean indo na casa do Severino em meio a um breakdown é o suco do jovem de classe alta que nunca desejou a vida que tem. É foda justificar atitudes e falar por alguém que financeiramente sempre teve tudo, mas a situação em que aquele menino se viu em vários momentos é quase como um beco sem saída, um fim de linha, pois emocionalmente era como não ter nada. Dinheiro compra muita coisa, mas não comprava o mais importante pra ele e eu me compadeci.
No mais, o que vemos em Casa Grande é uma série de alforrias, voluntárias ou não, que guiam a história por um caminho muito belo de auto descoberta, liberdade e aproximação com o que realmente importa. Um bom filme.
O Poço
3.7 2,1K Assista Agora"Não falta pão, falta divisão." - Rafa Kalimann.
As Horas
4.2 1,4KUm filme denso e triste sobre pessoas tristes vivendo momentos tristes de suas vidas tristes.
Terra em Transe
4.1 286 Assista AgoraTexto excelente.
Felizes Juntos
4.2 261 Assista AgoraNotei três cenas onde a água é um elemento presente e marcante, que não só está ali por um fator estético mas por significância também. Em duas cenas (uma no início e outra no fim) as cataratas aparecem em toda sua vazão, cheias de fúria e impulsividade, como o grande movimento emocional do protagonista; E em outro momento (por volta de uma hora de filme, após uma intensa cena de briga) ele num barco, quase beijando a superfície calma do rio, sob um grande abatimento moral, numa espécie de ressaca emocional, pronto para afundar a qualquer momento. Melancolia em seu ponto mais profundo e honesto.
Eu Posso Ouvir o Oceano
3.2 219 Assista AgoraAs definições de GADO DEMAIS foram atualizadas
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 899 Assista AgoraÉ o tipo de história de amor que eu adoro assistir: inesperado, ardente e impossível. É lindo e perfeitamente natural, como abrir uma janela e se apaixonar pela vista, mas antes ter passado por todos os cômodos da casa. É construído pelos detalhes, desde os diálogos oportunos, aos planos inteligentes (a exemplo do fogo quase sempre presente ou da cena do penhasco com a Marianne em primeiro plano e a Heloise em segundo), e os olhares. Ah, os olhares desse filme! Reveladores, apaixonados, intensos, como uma labareda. É um filme completo pois usa tudo a seu favor, os cenários, o figurino, os suspiros, o som do beijo e do mar agitado. É gostoso de assistir, ouvir e sentir. Belissimo!
Gostaria muito de ter visto o resultado final do quadro onde a Heloise simula um parto na Sophie!
Perdi Meu Corpo
3.8 351 Assista AgoraO filme é uma viagem - consciente ou não - pela mente humana, seus pensamentos, prazeres, cicatrizes... Uma história que mistura passado, presente e futuro numa trama melancólica e reflexiva. A melhor cena pra mim, a da conversa pelo interfone (aliás, que ideia genial), é absurdamente linda e imersiva, você mergulha na profundidade da conversa, da chuva, dos personagens, um deles sem nem aparecer fisicamente. E por mais que o filme tenha o viés ficcional de uma mão que procura seu corpo, tudo não passa de uma bela metáfora mutável onde em cada corpo vai haver um significado diferente. Todo mundo tem uma mão perdida por aí e quem não tem, que sorte.
Ele Não Está Tão a Fim de Você
3.3 1,6K Assista AgoraA liquidez dos relacionamentos não é um bicho papão pra nós hoje em dia, mas já foi em outra época e acho que o filme fala justamente desse terror, desse embaraço que é relacionar-se com alguém que não sente nada por você, essencialmente pela ótica feminina. O filme carrega frases poderosas sobre isso e eu entendo que apesar do ano de realização ser bem próximo ao dia de hoje os tempos eram outros. Ter um smartphone na mão equipado com DM, Tinder, Whastapp e todo tipo de facilitador pro encontro é um salto que intensificou muito o não-compromisso das pessoas entre si. Não compromissar-se, seja pela falta da aliança no anelar ou do status no Facebook, é um tabu pra muita gente e um tabu justo, perfeitamente válido. A utilidade e o serviço desse filme reside no alerta pra todas as pessoas, que querem ou não relacionamentos e compromissos, para que, ao fazê-lo, que ao menos pense no outro. Empatia e responsabilidade emocional é mais importante agora do que nunca com toda essa liquidez afetiva, e essa comédia romântica de 2009 já batia nessa tecla.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraAquarius é um filme sobre ausência. Como ela nos detém cativos, como nos arrasta pelo chão, nos drena de dentro pra fora em agonia, e principalmente como temos medo de perder, mas não por perder, e sim por ter que aceitar a ausência. Clara sofreu perdas durante a vida toda, a mama, o marido, a tia, amigos e amigas, até que ela é ameaçada pela perda do apartamento, então ela decide que não vai perder mais. Ela nos ganha quando somos levados pra dentro de seu apartamento, quando entramos nos cômodos, nas paredes, nos móveis, a partir dos closes abertos que se fecham e dos fechados que se abrem, dos passeios de câmera lentos e das várias outras técnicas que KMF faz uso e que nos transporta pras retinas, pensamentos e memórias de Clara enquanto alguém que um dia ganhou aquele canto e se recusa a perdê-lo. E somos dragados pela perspectiva dela não de forma brusca ou forçada, somos praticamente convidados a entendê-la e por que é tão importante que ela fique naquele lugar e resista à prepotência do capital. Falo por mim: como Clara, eu optei por ficar, pois ficar é resistir, é lembrar, é ganhar. Clara é uma ganhadora.
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
4.3 4,7K Assista AgoraEdição sensacional.
Temporada
3.9 145 Assista AgoraA cena da colega anunciando que o salário caiu é sensacional. Vê-los reagindo a algo de certa forma corriqueiro mas tão esperado foi mt emocionante pq esse é um sentimento REAL do brasileiro pobre e médio. Ver a conta ser irrigada com dinheiro e ter a certeza, o alívio de que dará pra pagar as contas, fazer compromissos. Todo dia a gente sofre vendo o jornal pq a cada notícia temos a certeza que se governa pra todo mundo menos pra quem mais precisa. O pobre batalhador do Brasil sofre e esse filme é uma demonstração tão fiel e honesta disso que emociona. Prevalece a melancolia de ver um brasil tão esquecido sendo representado. Lindo, lindo!
Cafarnaum
4.6 673 Assista AgoraAcho que o que mais me doeu vendo esse filme foi constatar que esta provavelmente é a realidade não só do Zain, mas de MILHARES DE CRIANÇAS pelo mundo todo, especialmente em zonas de guerra como o Oriente Médio. A vulnerabilidade, o abandono, é de cortar o coração. Uma criança de 12 anos passando por tanto, você só se pergunta qual o sentido de tudo, pra que as guerras, pra que as disputas, se não estamos sequer protegendo quem sofrerá do nosso legado? Se não há paz na infância, o que sobra? Se não há INFÂNCIA, o que sobra? É inadmissível, inquietante, revoltante o pesar, as responsabilidades, o STRESS, tão cedo na vida. Enfim, é um drama primoroso em te arremessar no ambiente, naquela situação, te colocar em desconforto, questionamento. No mínimo para-se pra pensar no tanto de privilégio que a gente usufrui diariamente, frente a seres humanos que estão em risco de vida 24/7.
Ao longo do filme (todo falado em árabe) eu ouvi uma vez uma palavra que a pronúncia era parecida com "Capharnaum" e na legenda ele traduziu pra "Compreendido". Achei que a tradução era esta mas pesquisei e na verdade quer dizer "local com tumulto ou desordem" (se alguém souber a tradução definitiva comenta aqui pf). Aparentemente a palavra tem origem bíblica e quer dizer "vila de Naum", uma cidade que fora amaldiçoada por Jesus. Se o uso da palavra como título do filme toma este como significado, faz muito sentido diante da história. Há caos, há desordem, na cafarnaum vida de Zain.
E Sua Mãe Também
4.0 519É incrível o dom de Cuaron em retratar a pluralidade social mexicana. A história é feita de hormônios e desejos enquanto anda de mãos dadas com a tragédia do viver. Fala sobre a vontade incontrolável que toma a carne, sobre arrependimentos e mágoas, sobre jovialidade e passagem de tempo. Em como somos egoístas, frágeis, impotentes diante do desejo do outro. Um road movie onde sua história possui curvas, ladeiras, paisagens e obstáculos, como a própria estrada. Ao subir os créditos você percebe que cada ser humano pode carregar pra sempre, em seu ponto mais profundo, os seus maiores segredos e que isso ocupa um espaço enorme da gente, e é ainda maior quando é dividido com outra pessoa. E prova que alguns sabem conte-los pra sempre, custe o que custar. Somos mares intensos, infinitos e extremamente profundos, enquanto a vida paira superficialmente sumindo num sopro de instante, como a espuma. FILMAÇO!
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraÉ tipicamente um filme sobre racismo pela visão de brancos. As vezes fiquei com a impressão de que tentam "justificar" o racismo ou até mesmo desmerecer o contexto pra que isso pareça mero estremecimento moral da época, quando na verdade os Estados Unidos protagonizaram cenas lamentáveis de segregação racial, principalmente no período retratado. Durante algumas discussões dos dois me pareceu que era mais grave o fato de Dr. Shirley ser rico e Tony pobre, fazendo-o parecer a grande vítima da história - um imigrante trabalhador que luta pra sustentar a família - enquanto Don sai de garotinho mimado e chiliquento. As mensagens a serem passadas sobre racismo muitas vezes são encobertas por momentos de humor dispensáveis e forçados e sinceramente a grande cena que faz o filme valer a pena é a da discussão na chuva, que traz a tona os pensamentos e angústias do calado Dr. Shirley, que em muitas mostrou-se frágil e indefeso (um ponto que gostei a título de construção do personagem, mas ao mesmo tempo não gostei, pois Tony sempre surge como salvador da pátria e defensor das minorias, quando na verdade é só mais um americano violento e armado querendo mostrar serviço). A cena do banheiro foi tratada com tamanha frieza que parece nem ter sido um dos momentos mais pesados do filme. E afinal, o 'tal green book' teve que papel nesse filme?
Enfim, não deixa de entreter mas é um retrato pobre e raso dessa história interessante tratada como comédia mas que com certeza divertiu mais a brancos do que a negros.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraGaspar Noé fez um excelente trabalho na edição e direção, produzindo esses planos sequencia longuíssimos - se houve algum corte ficou imperceptível - e esses passeios de câmera estonteantes (literalmente kkk). Os depoimentos do inícios dão profundidade suficiente pros personagens, achei que foi uma forma muito sagaz de introduzi-los, e então aparecem todos juntos naquela coreografia estonteante e as coisas começam a acontecer de fato. É tudo extremamente caótico, mas ao mesmo tempo muito fluido, pois a produção e o elenco ajudam. Inclusive é notável devoção do elenco aos seus respectivos papeis. Enfim, é um ótimo filme, principalmente no quesito técnico, que requer um pouco de coragem pois é um campo minado repleto de gatilhos.
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraSe Alfonso foi premiado por seus outros filmes incríveis, por este ele merece muito mais. Não porque ele - enquanto homem branco - "está salvando vulneráveis como a Cleo tirando-os do esquecimento ou da injustiça social" como vi algumas pessoas falando, mas porque foi franco em contar um pedaço da sua própria história sem que ele fosse o protagonista. A casa de classe média mexicana no bairro do Roma é mero acessório, adorno à real história que assistimos pela Netflix e que Cuarón com muito apuro técnico e sensibilidade resolveu contar. Cleo sofre não só com as desvantagens sociais que a obriga a cair no mundo pra ganhar dinheiro e mesmo assim passar necessidades e aturar os mais variados desaforos, mas com a maldade do mundo e do homem. É lindo mas triste ver que sua devoção ao trabalho, à vida das crianças dos outros, supera a importância da própria vida, como se importasse mais pra ela. Assim como em Que horas ela volta? - sim, os filmes tem suas semelhanças e isso não é problema algum - me peguei refletindo sobre a vida dessas pessoas, tantos homens e mulheres, principalmente o ultimo, que saem de suas casas pra trabalhar na casa dos outros e por mais que "se tornem parte da família" sempre haverão restrições e limites que nunca os farão se sentir em casa. E é desde o início do filme, naquela cena intimista na laje da casa, por entre o meio, quando ela é a responsável por apagar as luzes da casa numa cena inesquecível em 360 graus, até o final, com todos abraçados na praia, que tudo se mostra real, sincero. O filme também faz um paralelo inteligente sobre abandono parental em ambas as classes retratadas, mostrando que nenhuma mulher está imune. Os aviões enquanto figuras metafóricas acessórias são incrivelmente eficientes, nos forçando a paciência de vê-los passar lentamente, assim como o tempo, que de fato passa e cura - não importando quanto tempo leve. No auge de sua técnica cinematográfica e do seu sentimentalismo realista, que afaga e estapeia ao mesmo tempo, Cuarón nos presenteia com um filme simples e eterno. Sobre a Cleo que ele conheceu no Roma para todas as Cleos do mundo.
Oitava Série
3.8 336 Assista AgoraUma cena em especial me cativou que foi a que ela e o pai conversam rapidamente em seu quarto. Enquanto ela está em uma extremidade do quadro, com a luz do celular no rosto e um mundo inteiro nas mãos, o pai está parado à porta na outra extremidade perguntando trivialidades enquanto a luz do corredor invade o quarto escuro. Fiquei pensando em como os pais estão cada vez mais distantes da realidade dos filhos - principalmente sendo estes adolescentes - e como isso pode ser fatal pra relação de ambos e pra saúde mental do jovem. Ela buscou tranquilizá-lo sobre sua situação atual, e ele, sem parecer desconfiar, acatou e "ficou tudo bem" por isso mesmo. Enquanto não houver diálogo, proximidade e confiança, haverá insegurança, autodestruição e ansiedade. O pai fecha a porta e ela volta a ficar só, em seu quarto escuro.
Aos Teus Olhos
3.4 288 Assista AgoraNão é sobre quem estava certo ou errado - por isso esse final -, mas sobre julgamentos. Expõe-se uma serie de falhas em todas as partes, como machismo estrutural, representado na figura do professor, do pai e do delegado, a ineficiência da direção do clube em resolver o problema de uma forma menos traumática e o pré-julgamento precipitado dos pais, que, munidos das redes sociais, fizeram alarde da história sem que antes ela fosse investigada e esclarecida. Fica também um puxão de orelha nos pais que, distantes do convívio com os filhos, não são próximos o suficiente pra discernir suas atitudes e que ainda por cima desenvolvem um relacionamento abusivo baseado no medo e na hierarquia patriarcal. De fato o filme pode se arrastar em detalhes não importantes e deixar rasa a abordagem de alguns temas trazidos, mas ainda assim o mesmo coloca à mesa das famílias temas atuais e importantes que precisam ser refletidos.
Café com Canela
4.1 164O luto a partir da morte em três estágios diferentes da vida. Paralelos emocionantes, dolorosos e reveladores sobre como cada um lida com sua dor, e como receber ajuda pode te fazer florescer novamente. LINDO!!
As Boas Maneiras
3.5 647 Assista AgoraBelíssima cenografia e trilha sonora e ótima atuação de Marjorie Estiano. Achei o folclore leve e cativante, mas confesso que a segunda parte dá uma caída de qualidade em todos os aspectos. Entretanto é uma boa ficção nacional e vale muito a assistida.