Podem ter certeza que os mesmos que aplaudem a política de exterminio do jovem negro e periférico são os mesmos que assistiram ao filme e soltaram uma lágrima pelo protagonista. Afinal, pobreza é coisa exótica, que só gera empatia e fascínio se falada noutro idioma. Caso contrário, segue a máxima "bandido bom é bandido morto!". Agu não é diferente das milhares de crianças e jovens periféricos brasileiros que crescem cercados pela violência para depois serem exterminados(nem preciso dizer por quem, ou será que preciso?). Crianças que tem sua inocência arrancada pela natureza bárbara e selvagem da guerra, seja ela motivada pelo que for. E você ainda é obrigada a ouvir de gente que entende N.E.C.A.S de problemas sociais que todos temos escolha, que se tá nessa é porque quer, porque gosta, blá blá blá whiskas sachê... Escolha? Escolha é privilégio, filhinho. Não vem com essa desonestidade intelectual querendo aplicar exceção sobre todo um contexto político-social, não.
Esse filme traz um questionamento um tanto reflexivo: Más intenções sempre começam com boas intenções. Já notaram? Suas experiências fazem você, elas te transformam, é exatamente o que acontece com Agu. Não é questão de justificar a violência, mas tem que se entender o ciclo vicioso que liga toda essa degradação de pessoas. Em que momento alguém passa de vítima das circunstâncias para algoz? Se Agu foi obrigado a se tornar um assassino, provavelmente não foi diferente com os outros soldados. Ninguém nasce odiando, as pessoas são ensinadas a serem assim. O motivos das facções em conflito nem sempre são claros em tempos de guerra, mas quer saber? Isso importa zero para aqueles que, assim como Agu e tantos outros, foram condicionados a uma realidade sobre a qual não tiveram nenhum poder de escolha.
Beasts of no Nation consegue ser visceral, dramático e conflituoso em níveis inimagináveis. Um filme que não pretendo ver de novo, sem dúvida alguma. O final, é a realidade que os que passam por situações dessa natureza - e sobrevivem - têm que enfrentar: há certos traumas que não podem ser superados.
Caralho, como vocês são chatos! Quanta crítica maldosa e descabida aqui. Não é excelente e está longe de ser perfeito, concordo, mas é competente no que se propõe. Quer dizer, não teve gore o suficiente pra vocês porque não teve estupros, pessoas sendo empaladas ou animaizinhos sendo estripados? Se imaginar na situação daquelas pessoas não é suficientemente aterrorizante pra vocês? Ah, me poupa, cara! Nada contra as pessoas que amam o outro filme, que dão cinco estrelas e favoritam ele, mas não custa entender que existem linguagens e estilos diferentes dentro do mesmo gênero e que isso aqui não é, sequer, um remake daquele outro.
Qual o limite de um ser humano? O sucesso veio, mas a que preço? Eu sempre me surpreendo em ver como a indústria da música pode ser cruel com seus trabalhadores, como é capaz de destruir verdadeiros talentos e até vidas, como foi o caso aqui. No livro do Mitch(que eu me arrependo de ter lido)há palavras. Aqui, nós temos imagens em vídeo mostrando o quão asqueroso esse homem é, e o quão nocivo ele foi pra própria filha. Como não levar em consideração o que foi mostrado? Com cenas reais! Amy amava demais o pai pra perceber que ele era um vampiro que só sugava a imagem dela em benefício próprio. Alguém que a via como uma galinha dos ovos de ouro. Agora dá pra entender porque a família inteira foi contra o documentário. Faltou abraço, faltou companhia, faltou colo, faltou pai, faltou mãe e sobrou empresário, sobrou críticas destrutivas, julgamentos, exposição... Amy morreu no auge da dor de não ser amada, de amar tanto, de não poder ser quem é, estar sufocada, sem chão... e ainda sim, viver pra amar. Morreu de amor.
Assistir a Human é passar por uma experiência de imersão tão enriquecedora, que assim como os entrevistados, nós os interlocutores, também saímos da escuridão dos despropósitos da vida e da indiferença à nossa própria existência humana, rumo a iluminação oferecida pela poesia e sensibilidade desse grande documentário. Obra-prima absolutamente inquestionável do Yann Arthus-Bertrand, que não deve apenas ser vista, mas sobretudo, sentida.
É patético ver como alguns homens "cheios de boas intenções" tentam defender a exploração sexual feminina(lê-se: a punhetinha deles de cada dia)com esse discursinho ordinário e desonesto de "faz porque gosta", "ninguém tá obrigando, ué". Idiota, faz porque tem que fazer, não porque gosta. O documentário, apesar de fazer recorte apenas de um dos segmentos do pornô mainstream, mostra bem o que a pornografia grita sobre mulheres: que queremos ser estupradas, espancadas; a pornografia diz que mulheres querem ser humilhadas, depreciadas, subjugadas; diz que mesmo quando a mulher diz "não", ela quer dizer "sim" – sim à violência, sim à dor. E é essa mesma pornografia que forma os valores sexuais de inúmeros meninos e meninas. A verdade é que o tamanho dessa indústria bilionária equivale ao tamanho da crueldade que ela propaga em cima das pessoas que estão dentro dela, usando-as e depois descartando-as feito lixo e com um bônus de um estigma nas costas do tamanho do mundo, de uma sociedade que antes costumava se masturbar com elas.
Hot Girls Wanted é um documentário que poderia ter sido um pouco mais endossado e problematizado mais algumas outras questões(como aquele terrível facial abuse, a pedofilia na subjetividade, etc...), mas mesmo assim não o considero raso ou superficial. Os questionamentos importantes estão lá, o resto fica por conta do julgamento crítico de quem assisti.
"Mas então vem tudo à tona: eu queria o dinheiro tanto assim?" :(
Bem mais assustador e angustiante do que eu imaginava!
Se você não sabe nada do filme, você pode jurar que é um documentário real. Na verdade, só pelo fato de não se tratar de mais um daqueles found footage em que os personagens continuam filmando sem parar ao invés de salvarem as próprias vidas, já dá muita credibilidade a estória. E apesar do enredo não ser original em sua proposta, ele é infinitamente melhor trabalhado em comparação as muitas obras do gênero que tem saído por aí ultimamente. É incrível notar o quão palpável chega ser sentir o terror das vítimas diante da perversidade e insanidade de um maníaco extremamente medonho. Aqui você pode acompanhar não só todo modus operandi do assassino(que, aliás, é justamente não ter um modus operandi, e sim vários), como também sua evolução conforme o passar do tempo. As cenas de gore assustam, mas, pra mim, as de terror psicológico assustam bem mais exatamente por serem tão banais e passíveis de acontecer com qualquer um que tenha uma vida normal; o que fica bem evidente no modo cínico como o assassino atrai suas vítimas, nos mostrando que a morte não vem com pressa e sim em passos lentos e dissimulados, na forma de uma carona aparentemente segura ou apenas observando de longe à espreita.
Muito interessante a abordagem da Síndrome de Estocolmo desenvolvida pela garota sobrevivente. E, puta merda, eu nem consigo mensurar o quão doentio foi ele desenterrar ela e levá-la consigo depois de tudo.
É muito perturbador pensar em como as pessoas podem ser tão cruéis. Pessoas desaparecem todos os dias e aos montes, a maioria nunca são encontradas. Quantas foram vítimas de "predadores" como este e ninguém nunca saberá?! Se isso não é perturbador para vocês, eu não quero nem saber o que é.
Dolorosamente reflexivo. É muito pesado olhar e perceber como ela estava afundada em relações abusivas, na depressão, na violência física e mental, na exploração trabalhista. É nojento o fato de ela ter que cantar para uma platéia de brancos racistas, chegar em casa e lidar com mais violência daquele marido escroto que ainda tinha a pachorra de se fazer de vítima. Claro que a depressão tomou conta e, no fim, grande parte de suas doenças psicológicas desenvolveram-se provavelmente em decorrência desses abusos constantes; atrelada a exclusão e desvalorização (enquanto mulher negra). É deprimente notar a solidão que acabaria se tornando algo que definiria e tomaria a sua vida, e eu acho que esse desconforto é crucial para a complexidade da obra, pois funciona de modo a te fazer entender e sentir com uma intensidade maior a realidade que está sendo passada - puxando você pra bem perto dela, primeiro agradavelmente e depois desagradavelmente.
What Happened, Miss Simone? tem um lado muito humano, que a Liz Garbus soube retratar maravilhosamente bem, fazendo-se essencial não só para quem aprecia sua musicalide e sensibilidade, mas sobretudo para quem se interessa em aprender um pouco mais sobre a vida genial e trágica de uma das mulheres mais relevantes do século XX e sua entrada na militância política em uma época de segregação racial fortíssima. Mulher, negra, independente e ao mesmo tempo tão frustrada. Nina era o tipo de artista que eu amava e admirava.
É assustador notar como as pessoas conseguem romantizar um transtorno psicológico transformado em um comportamento patológico. Eu não achei o comportamento do rapaz fofinho, como muitos acharam, eu tive pena dele, por ter anulado toda uma vida atrás de alguém que nem lembrava mais de sua existência. O garoto claramente precisava de ajuda profissional e o único que pareceu perceber isso foi o irmão, visto o tempo todo como carrasco.
Quando ela pergunta se ele a está seguindo, eu lembrei na hora da música do The Police, Every Breath You Take, em que o eu lírico diz que a cada movimento, passo e suspiro que sua amada der, ele estará a observando. A música em questão é sobre um Stalker. O filme também.
Tenho sempre um pé atrás com filmes do tipo "norte-americanos brancos salvam o dia", e com Captain Phillips não foi diferente, claro que não poderiam deixar de maquiar um pouco a verdadeira história do sequestro e, de quebra, dar um falso tom heróico ao Sr. Phillips, quando na verdade é sabido que a coisa não aconteceu bem daquele jeito. Deixando a ação de lado e enxergando o viés político e o contexto histórico da narrativa, consigo entender e ter empatia por aqueles somalis, porque quando se olha por esse ângulo, é possível identificar quem são os verdadeiros piratas. (pesquisem sobre como a pesca ilegal e predatória e o lixo tóxico e nuclear jogado nos mares somalis destruíram o meio de sobrevivência daqueles pescadores, e como essas atividades são realizadas apenas por países ricos, nunca por países miseráveis).
Obs: deixando claro que jamais o fato de compreendê-los signifique que eu concorde com sequestrar e machucar outras pessoas, só que uma vez que você olha por essa perspectiva você entende como aqueles pobres coitados são apenas peões comandados por um sistema muito maior que eles.
"Captain Phillips: There's got to be something other than being a fisherman or kidnapping people. Muse: Maybe in America, Irish, maybe in America."
O fato de não incluírem nenhuma atriz ou ator negros entre os indicados, mas jogarem Selma entre os melhores do ano, me parece o jeito da academia de dizer "mas eu tenho um amigo negro!" David Oyelowo poderia ocupar de maneira muito competente o lugar do Cooper(mas perai, ele é negro, e um negro indicado entre os melhores por dois anos seguidos, ai já é vandalismo). E digo mais, a academia perdeu uma oportunidade histórica de ter a primeira mulher negra a concorrer à frente de uma direção, isso é claro se Ana DuVernay ao menos indicada tivesse sido. Com um tema tão atual, honesto e emocionante, "Selma" te dá vontade de pular na tela e se unir a toda aquela luta. Um filme que tem que ser visto e sentido!
Uma propaganda republicana de duas horas de duração, e como tal, ignora completamente as políticas de guerra e o terrorismo americano. É simplesmente aterrorizante a forma como exaltam um genocídio realizado por um psicopata transformado em herói, alguém que se gabava de ter despachado centenas de vidas e dizia se divertir com isso. Sniper Americano certamente conquistará aqueles mesmos ingênuos que ovacionaram Capitão Nascimento em Tropa de Elite I e se satisfizeram-se com toda sua barbárie em nome de um "bem maior".
É preocupante que "Selma", que mostra a luta de Martin Luter King contra o racismo, receba apenas duas míseras indicações. Infelizmente, conhecendo os moldes nacionalistas, conservadores e preconceituosos da academia, é possível praticamente garantir que vão levar algum prêmio, apenas para que essa propaganda gratuita de guerra receba mais destaque.
Sadomasoquismo?! Faz-me rir. Nada mais que um relacionamento psicologicamente abusivo com um toque de BDSM descaracterizado. Aliás, tanto os livros quanto o filme são um desserviço ao BDSM, pois mostra tudo que ele NÃO É! Fazendo uma associação ridícula do fetiche à traumas de infância, como se fosse uma doença, um trauma do qual ele precisa se livrar. E, para completar, o cara ainda ignora uma regra importantíssima da prática: ele não respeita a "safe word", e ainda fica chateado quando a garota fala a palavra. Grey nos diz o tempo inteiro que Anastácia não passa de uma posse sua, uma propriedade, e eu não entendo como conseguiram romantizar uma estória dessas, quando na verdade seus desejos sexuais são a parte menos distorcida de sua personalidade controladora, arrogante e que beira a patologia. A velha ideia de que uma garota "pura" pode mudar/domar um cara violento através do ~amor verdadeiro~(um conceito que, por si só, já parte de uma falácia).
Em termos técnicos, não dava pra esperar uma obra prima. Direção razoável, fotografia bem pensada, alguns planos de câmera um tanto cafonas e uma trilha sonora realmente impecável.
Um profeta convertido em um general, sob o comando de um deus cruel.
Desde o início vi com receio as notícias sobre Êxodo: Deuses e Reis, a começar por ser uma fábula passada no antigo Egito e mesmo assim ser formado por um elenco majoritariamente branco de olhos claros, nem preciso explicar o quanto isso não faz sentido, e que ver americanos, europeus e australianos proferindo frases cheias de sotaque inglês foi, no mínimo, constrangedor. Aqui, Ridley Scott subverte lógica bíblica e tenta dar algum sentido científico a toda fantasia que é a história de Moisés e a libertação do povo Hebreu, eu não diria que o tiro saiu pela culatra, não me incomodou o filme destoar da história "original"- mesmo porque eu não acredito nela -, mas sim o fato da obra não conseguir funcionar como passagem espiritual, muito menos como conto épico. Faltou emoção, foi tudo muito blasé. Nem excelentes atores e efeitos visuais tão avançados salvam um roteiro tão pobre desses. E a cena de Ramsés sobrevivendo aquela big wave é ridícula em proporções inimagináveis, ficando pau a pau com a cena dos crocodilos. Engana-se quem acredita que o diretor reinventou ou deturpou deus, pois o deus mostrado por Scott é o mesmo deus bíblico: vingativo, cruel e cheio de contradições. Exatamente como uma criança birrenta. E eu acho que foi isso que Scott(como ateu que é) quis mostrar. Sei que muitos não gostaram, mas creio ter sido extremamente proposital representar a divindade de maneira tão insuportável daquele jeito. Aliás, é interessante pontuar que de acordo como as coisas são mostradas e tendo em vista todo aquele senso sádico de deus, você tende a ficar do lado de faraó - algo inimaginável no faraó odiável do clássico de 1956, Os Dez Mandamentos, interpretado brilhantemente por Yul Brynner. Acredito que Êxodo tenha seus pontos bons, como a direção esforçada de Scott, mas passou bem longe do que eu esperava.
Há apenas duas formas que você pode ver este filme: A forma fria para aqueles que nunca vivenciaram algo semelhante, que vão assistir e encarar como excesso de dramas e lamentações de um bando de adolescentes problemáticos; e a forma empática para aqueles que viveram ou vivem e sabem o que é ter que viver carregando uma dor profunda advinda de algum trauma terrível.
Não tem como não se emocionar quando você tem nem que seja a mais vaga ideia do que é passar por algo dessa natureza. Pra mim, as técnicas usadas para inserir o telespectador na estória foram extremamente bem sucedidas. Não é exagero dizer que os atores não parecem estar atuando, e sim vivendo, por isso fica tão fácil pegar empatia por todos eles. São personagens reais demais, intensos demais. Me apeguei especialmente a Marcus... Aquela letra cheia de sofrimento, dor e amor em um mesmo espaço, que vontade deu de abracá-lo e protegê-lo. :(
"Olhe em meus olhos para que você saiba o que é viver em uma vida sem saber como uma vida normal é."
Mas ai finalmente vem aquele final, que enche de esperança, te tira um sorriso sem que você nem perceba e te faz reafirmar a fé no altruísmo através de alguém que mesmo corroída por traumas(Grace), ainda sim, escolhe tocar outras vidas e por sua vez acaba também sendo tocada por elas. "E lá vamos nós de novo" :)
Pastelão. Cansativo. Uma sucessão de desgraças. E o que esperar de um gênero já tão exaustivamente saturado e estereotipado? É, pois é, não muito. Mas, sendo uma comédia, você espera o mínimo de senso cômico. A impressão é de estar assistindo a um crossover de Se Beber Não Case e Projeto X, e nem assim este filme consegue dar certo. E alguém pelo amor de deus avisa ao Marcos Palmeira que não ta dando mais pra fazer papel de galã, e que mais forçado que isso, é tentarem extrair algum talento dramático da Luana Piovani. Muita forçação de barra por metro quadrado, gente. Quanto maior a massa para distribuição, mais imbecil a obra, essa é a lógica desses produtores, só pode. Não é exagero chamar esta bomba de atentado à cultura brasileira patrocinado com o meu, o seu, os nossos suados impostos.
Aviso importante: Caso você tenha TOC na área de contaminação, é mais um motivo pra não ver, porque o filme se passa praticamente em banheiros e ninguém lava as mãos. Socorro. '~'
Personagens que conseguem ser ao mesmo tempo carrascos e vítimas das circunstâncias, mas todos igualmente corrompidos em algum nível - e nem percebem isto.
Um roteiro que se não convence pelo drama, no mínimo, tenta convencer pela comédia, e honestamente, nenhum dos dois artifícios convence de verdade. Emma entrega uma protagonista irritantemente forçada e que, em algumas cenas, soa caricata(como quando ela agradece sem parar, ou quando tem um ataque de histeria na casa do Rat). Enquanto tenta parecer estar buscando seu lugar no mundo de alguma forma, faz isso de maneira ora psicótica, ora mimada. Ao fim, o romance óbvio desde o início do filme, nada acrescenta a obra. Os créditos sobem e você percebe a simplicidade da estória, como ela só andou em círculos e chegou a lugar nenhum.
Misoginia em seu estado puro. Não me surpreende que a maioria das pessoas concluam que o que é retratado aqui se trata apenas de bullying escolar, afinal, machismo é paranóia, somos todos iguais, certo? Não, nunca fomos! Nunca fui exposta, mas me senti igualmente atacada, pois tenho empatia, tenho um corpo, sou vista como mulher e todos sempre esperam o momento pra apontar o erro. Me coloquei no lugar de Alejandra, e de tantas mulheres que sofrem com uma sociedade patriarcal que culpa a vítima sempre e não dá nenhum tipo de amparo a mesma. Algo que me deixou especialmente triste, foi ver que muitos dos agressores eram mulheres, machismo reproduzido é real e igualmente lastimável, e sendo uma, poderiam ser todas... Alejandra foi apedrejada por ser uma garota que fez sexo, que deu o que era dela, foi vista como puta e demônio por pessoas que não conseguem compreender que não haveria vítima se não houvesse criminoso. O sexo foi entre dois, a situação foi exatamente a mesma, mas não as consequências. Em nenhum momento o homem foi questionado, não foi com ele que mexeram, não foi sobre ele que recaíram as agressões, não foi ele que tentaram violar por acharem que "se deu pra uma, dá pra todos".
Ela. Ela. Sempre ela. Sério, cara. Que mundo de merda é esse?
Puro proselitismo religioso. Quase uma pregação maniqueísta. Mas o que o torna esse filme uma total perda de tempo é a visão extremamente unilateral, preconceituosa e ofensiva com a (des)crença alheia. Não é nada mais que uma propaganda do cristianismo.
Não me lembro de ter sentido tanto desprezo, nojo e impotência... É necessário estômago, os 98 minutos parecem não acabar mais. O processo de angústia no espectador é gradual, aumenta conforme a trama se desenrola. A princípio, o que vemos é apenas uma família inquieta, após o suicídio, as coisas começam a ficar estranhamente tranquilas demais, e é a calmaria que entrega que as coisas estão muito erradas naquela casa, a sensação que se tem é que ninguém pode falar sobre o que aconteceu. A ausência de trilha sonora foi genial, só evidência o silêncio desconfortável, apatia e passividade daquelas mulheres. Os olhares dissimulados, ações, movimentos disfarçados, punições... Aos poucos situações ainda mais cruéis transparecem.
A cena do abuso da filha mais velha pula na cara do espectador sem nenhum aviso, quase desconexa ao resto da história, escancarando uma realidade completamente pesada, causando uma sensação de soco no estômago enorme e um extremo mal estar.
Avranas constrói uma direção corajosa, que se mostra bastante segura, se utilizando de um jogo de câmeras que consegue causar no espectador a sensação de estar no dia-a-dia da família, junto de uma fotografia maravilhosamente desbotada e um roteiro com poucos diálogos. Silenciar sobre temas como esse, é fechar os olhos e negar que coisas assim acontecem e são uma realidade mais comum do que se pensa.
Sem querer ser do contra e tal, o trailer também me emocionou bastante, mas... sei lá, não me agrada tanto que dentre toda a história desse homem magnífico, parte de sua biografia seja focada em um romance que acabou em um divórcio litigioso. Claro que o fato de ter acabado não significa que não foi real, mas esse não deveria ser o tema central. (Hollywood e sua mania de enfatizar relações românticas ao redor de qualquer história) Penso que seria de muito mais importância e relevância para o roteiro se o foco fosse direcionado a pesquisa cosmológica brilhante que Hawking conseguiu, enquanto o mesmo estava em tratamento de sua doença, e o conhecimento extraordinário nos campos da relatividade geral. Enfim, o que temos por agora é só um trailer e algumas especulações, e eu realmente torço pra que tenham conseguido encapsular a essência de uma das maiores mentes de uma geração
Beasts of No Nation
4.3 831 Assista AgoraPodem ter certeza que os mesmos que aplaudem a política de exterminio do jovem negro e periférico são os mesmos que assistiram ao filme e soltaram uma lágrima pelo protagonista. Afinal, pobreza é coisa exótica, que só gera empatia e fascínio se falada noutro idioma. Caso contrário, segue a máxima "bandido bom é bandido morto!". Agu não é diferente das milhares de crianças e jovens periféricos brasileiros que crescem cercados pela violência para depois serem exterminados(nem preciso dizer por quem, ou será que preciso?). Crianças que tem sua inocência arrancada pela natureza bárbara e selvagem da guerra, seja ela motivada pelo que for. E você ainda é obrigada a ouvir de gente que entende N.E.C.A.S de problemas sociais que todos temos escolha, que se tá nessa é porque quer, porque gosta, blá blá blá whiskas sachê... Escolha? Escolha é privilégio, filhinho. Não vem com essa desonestidade intelectual querendo aplicar exceção sobre todo um contexto político-social, não.
Esse filme traz um questionamento um tanto reflexivo: Más intenções sempre começam com boas intenções. Já notaram? Suas experiências fazem você, elas te transformam, é exatamente o que acontece com Agu. Não é questão de justificar a violência, mas tem que se entender o ciclo vicioso que liga toda essa degradação de pessoas. Em que momento alguém passa de vítima das circunstâncias para algoz? Se Agu foi obrigado a se tornar um assassino, provavelmente não foi diferente com os outros soldados. Ninguém nasce odiando, as pessoas são ensinadas a serem assim.
O motivos das facções em conflito nem sempre são claros em tempos de guerra, mas quer saber? Isso importa zero para aqueles que, assim como Agu e tantos outros, foram condicionados a uma realidade sobre a qual não tiveram nenhum poder de escolha.
Beasts of no Nation consegue ser visceral, dramático e conflituoso em níveis inimagináveis. Um filme que não pretendo ver de novo, sem dúvida alguma. O final, é a realidade que os que passam por situações dessa natureza - e sobrevivem - têm que enfrentar: há certos traumas que não podem ser superados.
"Agu: I just want to be happy in this life."
Canibais
2.6 518 Assista AgoraCaralho, como vocês são chatos! Quanta crítica maldosa e descabida aqui. Não é excelente e está longe de ser perfeito, concordo, mas é competente no que se propõe. Quer dizer, não teve gore o suficiente pra vocês porque não teve estupros, pessoas sendo empaladas ou animaizinhos sendo estripados? Se imaginar na situação daquelas pessoas não é suficientemente aterrorizante pra vocês? Ah, me poupa, cara! Nada contra as pessoas que amam o outro filme, que dão cinco estrelas e favoritam ele, mas não custa entender que existem linguagens e estilos diferentes dentro do mesmo gênero e que isso aqui não é, sequer, um remake daquele outro.
Amy
4.4 1,0K Assista AgoraQual o limite de um ser humano? O sucesso veio, mas a que preço? Eu sempre me surpreendo em ver como a indústria da música pode ser cruel com seus trabalhadores, como é capaz de destruir verdadeiros talentos e até vidas, como foi o caso aqui.
No livro do Mitch(que eu me arrependo de ter lido)há palavras. Aqui, nós temos imagens em vídeo mostrando o quão asqueroso esse homem é, e o quão nocivo ele foi pra própria filha. Como não levar em consideração o que foi mostrado? Com cenas reais! Amy amava demais o pai pra perceber que ele era um vampiro que só sugava a imagem dela em benefício próprio. Alguém que a via como uma galinha dos ovos de ouro. Agora dá pra entender porque a família inteira foi contra o documentário.
Faltou abraço, faltou companhia, faltou colo, faltou pai, faltou mãe e sobrou empresário, sobrou críticas destrutivas, julgamentos, exposição... Amy morreu no auge da dor de não ser amada, de amar tanto, de não poder ser quem é, estar sufocada, sem chão... e ainda sim, viver pra amar. Morreu de amor.
Humano - Uma Viagem pela Vida
4.7 326 Assista AgoraAssistir a Human é passar por uma experiência de imersão tão enriquecedora, que assim como os entrevistados, nós os interlocutores, também saímos da escuridão dos despropósitos da vida e da indiferença à nossa própria existência humana, rumo a iluminação oferecida pela poesia e sensibilidade desse grande documentário. Obra-prima absolutamente inquestionável do Yann Arthus-Bertrand, que não deve apenas ser vista, mas sobretudo, sentida.
Hot Girls Wanted
3.3 196 Assista AgoraÉ patético ver como alguns homens "cheios de boas intenções" tentam defender a exploração sexual feminina(lê-se: a punhetinha deles de cada dia)com esse discursinho ordinário e desonesto de "faz porque gosta", "ninguém tá obrigando, ué". Idiota, faz porque tem que fazer, não porque gosta. O documentário, apesar de fazer recorte apenas de um dos segmentos do pornô mainstream, mostra bem o que a pornografia grita sobre mulheres: que queremos ser estupradas, espancadas; a pornografia diz que mulheres querem ser humilhadas, depreciadas, subjugadas; diz que mesmo quando a mulher diz "não", ela quer dizer "sim" – sim à violência, sim à dor. E é essa mesma pornografia que forma os valores sexuais de inúmeros meninos e meninas.
A verdade é que o tamanho dessa indústria bilionária equivale ao tamanho da crueldade que ela propaga em cima das pessoas que estão dentro dela, usando-as e depois descartando-as feito lixo e com um bônus de um estigma nas costas do tamanho do mundo, de uma sociedade que antes costumava se masturbar com elas.
Hot Girls Wanted é um documentário que poderia ter sido um pouco mais endossado e problematizado mais algumas outras questões(como aquele terrível facial abuse, a pedofilia na subjetividade, etc...), mas mesmo assim não o considero raso ou superficial. Os questionamentos importantes estão lá, o resto fica por conta do julgamento crítico de quem assisti.
"Mas então vem tudo à tona: eu queria o dinheiro tanto assim?" :(
As Fitas de Poughkeepsie
3.1 372Bem mais assustador e angustiante do que eu imaginava!
Se você não sabe nada do filme, você pode jurar que é um documentário real. Na verdade, só pelo fato de não se tratar de mais um daqueles found footage em que os personagens continuam filmando sem parar ao invés de salvarem as próprias vidas, já dá muita credibilidade a estória. E apesar do enredo não ser original em sua proposta, ele é infinitamente melhor trabalhado em comparação as muitas obras do gênero que tem saído por aí ultimamente. É incrível notar o quão palpável chega ser sentir o terror das vítimas diante da perversidade e insanidade de um maníaco extremamente medonho. Aqui você pode acompanhar não só todo modus operandi do assassino(que, aliás, é justamente não ter um modus operandi, e sim vários), como também sua evolução conforme o passar do tempo. As cenas de gore assustam, mas, pra mim, as de terror psicológico assustam bem mais exatamente por serem tão banais e passíveis de acontecer com qualquer um que tenha uma vida normal; o que fica bem evidente no modo cínico como o assassino atrai suas vítimas, nos mostrando que a morte não vem com pressa e sim em passos lentos e dissimulados, na forma de uma carona aparentemente segura ou apenas observando de longe à espreita.
Muito interessante a abordagem da Síndrome de Estocolmo desenvolvida pela garota sobrevivente. E, puta merda, eu nem consigo mensurar o quão doentio foi ele desenterrar ela e levá-la consigo depois de tudo.
É muito perturbador pensar em como as pessoas podem ser tão cruéis. Pessoas desaparecem todos os dias e aos montes, a maioria nunca são encontradas. Quantas foram vítimas de "predadores" como este e ninguém nunca saberá?! Se isso não é perturbador para vocês, eu não quero nem saber o que é.
What Happened, Miss Simone?
4.4 401 Assista AgoraDolorosamente reflexivo.
É muito pesado olhar e perceber como ela estava afundada em relações abusivas, na depressão, na violência física e mental, na exploração trabalhista. É nojento o fato de ela ter que cantar para uma platéia de brancos racistas, chegar em casa e lidar com mais violência daquele marido escroto que ainda tinha a pachorra de se fazer de vítima. Claro que a depressão tomou conta e, no fim, grande parte de suas doenças psicológicas desenvolveram-se provavelmente em decorrência desses abusos constantes; atrelada a exclusão e desvalorização (enquanto mulher negra). É deprimente notar a solidão que acabaria se tornando algo que definiria e tomaria a sua vida, e eu acho que esse desconforto é crucial para a complexidade da obra, pois funciona de modo a te fazer entender e sentir com uma intensidade maior a realidade que está sendo passada - puxando você pra bem perto dela, primeiro agradavelmente e depois desagradavelmente.
What Happened, Miss Simone? tem um lado muito humano, que a Liz Garbus soube retratar maravilhosamente bem, fazendo-se essencial não só para quem aprecia sua musicalide e sensibilidade, mas sobretudo para quem se interessa em aprender um pouco mais sobre a vida genial e trágica de uma das mulheres mais relevantes do século XX e sua entrada na militância política em uma época de segregação racial fortíssima.
Mulher, negra, independente e ao mesmo tempo tão frustrada. Nina era o tipo de artista que eu amava e admirava.
“Freedom is no fear. I wish I could have that”
Esperar para Sempre
3.3 995É assustador notar como as pessoas conseguem romantizar um transtorno psicológico transformado em um comportamento patológico. Eu não achei o comportamento do rapaz fofinho, como muitos acharam, eu tive pena dele, por ter anulado toda uma vida atrás de alguém que nem lembrava mais de sua existência. O garoto claramente precisava de ajuda profissional e o único que pareceu perceber isso foi o irmão, visto o tempo todo como carrasco.
Quando ela pergunta se ele a está seguindo, eu lembrei na hora da música do The Police, Every Breath You Take, em que o eu lírico diz que a cada movimento, passo e suspiro que sua amada der, ele estará a observando. A música em questão é sobre um Stalker. O filme também.
Capitão Phillips
4.0 1,6K Assista AgoraTenho sempre um pé atrás com filmes do tipo "norte-americanos brancos salvam o dia", e com Captain Phillips não foi diferente, claro que não poderiam deixar de maquiar um pouco a verdadeira história do sequestro e, de quebra, dar um falso tom heróico ao Sr. Phillips, quando na verdade é sabido que a coisa não aconteceu bem daquele jeito.
Deixando a ação de lado e enxergando o viés político e o contexto histórico da narrativa, consigo entender e ter empatia por aqueles somalis, porque quando se olha por esse ângulo, é possível identificar quem são os verdadeiros piratas. (pesquisem sobre como a pesca ilegal e predatória e o lixo tóxico e nuclear jogado nos mares somalis destruíram o meio de sobrevivência daqueles pescadores, e como essas atividades são realizadas apenas por países ricos, nunca por países miseráveis).
Obs: deixando claro que jamais o fato de compreendê-los signifique que eu concorde com sequestrar e machucar outras pessoas, só que uma vez que você olha por essa perspectiva você entende como aqueles pobres coitados são apenas peões comandados por um sistema muito maior que eles.
"Captain Phillips: There's got to be something other than being a fisherman or kidnapping people.
Muse: Maybe in America, Irish, maybe in America."
Selma: Uma Luta Pela Igualdade
4.2 793O fato de não incluírem nenhuma atriz ou ator negros entre os indicados, mas jogarem Selma entre os melhores do ano, me parece o jeito da academia de dizer "mas eu tenho um amigo negro!" David Oyelowo poderia ocupar de maneira muito competente o lugar do Cooper(mas perai, ele é negro, e um negro indicado entre os melhores por dois anos seguidos, ai já é vandalismo). E digo mais, a academia perdeu uma oportunidade histórica de ter a primeira mulher negra a concorrer à frente de uma direção, isso é claro se Ana DuVernay ao menos indicada tivesse sido.
Com um tema tão atual, honesto e emocionante, "Selma" te dá vontade de pular na tela e se unir a toda aquela luta. Um filme que tem que ser visto e sentido!
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista AgoraUma propaganda republicana de duas horas de duração, e como tal, ignora completamente as políticas de guerra e o terrorismo americano.
É simplesmente aterrorizante a forma como exaltam um genocídio realizado por um psicopata transformado em herói, alguém que se gabava de ter despachado centenas de vidas e dizia se divertir com isso. Sniper Americano certamente conquistará aqueles mesmos ingênuos que ovacionaram Capitão Nascimento em Tropa de Elite I e se satisfizeram-se com toda sua barbárie em nome de um "bem maior".
É preocupante que "Selma", que mostra a luta de Martin Luter King contra o racismo, receba apenas duas míseras indicações. Infelizmente, conhecendo os moldes nacionalistas, conservadores e preconceituosos da academia, é possível praticamente garantir que vão levar algum prêmio, apenas para que essa propaganda gratuita de guerra receba mais destaque.
Cinquenta Tons de Cinza
2.2 3,3K Assista AgoraSadomasoquismo?! Faz-me rir. Nada mais que um relacionamento psicologicamente abusivo com um toque de BDSM descaracterizado. Aliás, tanto os livros quanto o filme são um desserviço ao BDSM, pois mostra tudo que ele NÃO É! Fazendo uma associação ridícula do fetiche à traumas de infância, como se fosse uma doença, um trauma do qual ele precisa se livrar. E, para completar, o cara ainda ignora uma regra importantíssima da prática: ele não respeita a "safe word", e ainda fica chateado quando a garota fala a palavra.
Grey nos diz o tempo inteiro que Anastácia não passa de uma posse sua, uma propriedade, e eu não entendo como conseguiram romantizar uma estória dessas, quando na verdade seus desejos sexuais são a parte menos distorcida de sua personalidade controladora, arrogante e que beira a patologia. A velha ideia de que uma garota "pura" pode mudar/domar um cara violento através do ~amor verdadeiro~(um conceito que, por si só, já parte de uma falácia).
Em termos técnicos, não dava pra esperar uma obra prima. Direção razoável, fotografia bem pensada, alguns planos de câmera um tanto cafonas e uma trilha sonora realmente impecável.
Êxodo: Deuses e Reis
3.1 1,2K Assista AgoraUm profeta convertido em um general, sob o comando de um deus cruel.
Desde o início vi com receio as notícias sobre Êxodo: Deuses e Reis, a começar por ser uma fábula passada no antigo Egito e mesmo assim ser formado por um elenco majoritariamente branco de olhos claros, nem preciso explicar o quanto isso não faz sentido, e que ver americanos, europeus e australianos proferindo frases cheias de sotaque inglês foi, no mínimo, constrangedor. Aqui, Ridley Scott subverte lógica bíblica e tenta dar algum sentido científico a toda fantasia que é a história de Moisés e a libertação do povo Hebreu, eu não diria que o tiro saiu pela culatra, não me incomodou o filme destoar da história "original"- mesmo porque eu não acredito nela -, mas sim o fato da obra não conseguir funcionar como passagem espiritual, muito menos como conto épico. Faltou emoção, foi tudo muito blasé. Nem excelentes atores e efeitos visuais tão avançados salvam um roteiro tão pobre desses. E a cena de Ramsés sobrevivendo aquela big wave é ridícula em proporções inimagináveis, ficando pau a pau com a cena dos crocodilos.
Engana-se quem acredita que o diretor reinventou ou deturpou deus, pois o deus mostrado por Scott é o mesmo deus bíblico: vingativo, cruel e cheio de contradições. Exatamente como uma criança birrenta. E eu acho que foi isso que Scott(como ateu que é) quis mostrar. Sei que muitos não gostaram, mas creio ter sido extremamente proposital representar a divindade de maneira tão insuportável daquele jeito.
Aliás, é interessante pontuar que de acordo como as coisas são mostradas e tendo em vista todo aquele senso sádico de deus, você tende a ficar do lado de faraó - algo inimaginável no faraó odiável do clássico de 1956, Os Dez Mandamentos, interpretado brilhantemente por Yul Brynner.
Acredito que Êxodo tenha seus pontos bons, como a direção esforçada de Scott, mas passou bem longe do que eu esperava.
Temporário 12
4.3 590Há apenas duas formas que você pode ver este filme: A forma fria para aqueles que nunca vivenciaram algo semelhante, que vão assistir e encarar como excesso de dramas e lamentações de um bando de adolescentes problemáticos; e a forma empática para aqueles que viveram ou vivem e sabem o que é ter que viver carregando uma dor profunda advinda de algum trauma terrível.
Não tem como não se emocionar quando você tem nem que seja a mais vaga ideia do que é passar por algo dessa natureza. Pra mim, as técnicas usadas para inserir o telespectador na estória foram extremamente bem sucedidas. Não é exagero dizer que os atores não parecem estar atuando, e sim vivendo, por isso fica tão fácil pegar empatia por todos eles. São personagens reais demais, intensos demais. Me apeguei especialmente a Marcus... Aquela letra cheia de sofrimento, dor e amor em um mesmo espaço, que vontade deu de abracá-lo e protegê-lo. :(
"Olhe em meus olhos para que você saiba o que é viver em uma vida sem saber como uma vida normal é."
Mas ai finalmente vem aquele final, que enche de esperança, te tira um sorriso sem que você nem perceba e te faz reafirmar a fé no altruísmo através de alguém que mesmo corroída por traumas(Grace), ainda sim, escolhe tocar outras vidas e por sua vez acaba também sendo tocada por elas. "E lá vamos nós de novo" :)
A Noite da Virada
2.2 131Pastelão. Cansativo. Uma sucessão de desgraças. E o que esperar de um gênero já tão exaustivamente saturado e estereotipado? É, pois é, não muito. Mas, sendo uma comédia, você espera o mínimo de senso cômico. A impressão é de estar assistindo a um crossover de Se Beber Não Case e Projeto X, e nem assim este filme consegue dar certo. E alguém pelo amor de deus avisa ao Marcos Palmeira que não ta dando mais pra fazer papel de galã, e que mais forçado que isso, é tentarem extrair algum talento dramático da Luana Piovani. Muita forçação de barra por metro quadrado, gente. Quanto maior a massa para distribuição, mais imbecil a obra, essa é a lógica desses produtores, só pode. Não é exagero chamar esta bomba de atentado à cultura brasileira patrocinado com o meu, o seu, os nossos suados impostos.
Aviso importante: Caso você tenha TOC na área de contaminação, é mais um motivo pra não ver, porque o filme se passa praticamente em banheiros e ninguém lava as mãos. Socorro. '~'
Mapas para as Estrelas
3.3 477 Assista AgoraPersonagens que conseguem ser ao mesmo tempo carrascos e vítimas das circunstâncias, mas todos igualmente corrompidos em algum nível - e nem percebem isto.
A cena de Havana comemorando a morte do garotinho ao se dar conta que pegará o papel no filme, é perturbadora e medonha.
Vida de Adulto
3.3 232 Assista AgoraUm roteiro que se não convence pelo drama, no mínimo, tenta convencer pela comédia, e honestamente, nenhum dos dois artifícios convence de verdade. Emma entrega uma protagonista irritantemente forçada e que, em algumas cenas, soa caricata(como quando ela agradece sem parar, ou quando tem um ataque de histeria na casa do Rat).
Enquanto tenta parecer estar buscando seu lugar no mundo de alguma forma, faz isso de maneira ora psicótica, ora mimada.
Ao fim, o romance óbvio desde o início do filme, nada acrescenta a obra.
Os créditos sobem e você percebe a simplicidade da estória, como ela só andou em círculos e chegou a lugar nenhum.
Depois de Lúcia
3.8 1,1KMisoginia em seu estado puro. Não me surpreende que a maioria das pessoas concluam que o que é retratado aqui se trata apenas de bullying escolar, afinal, machismo é paranóia, somos todos iguais, certo? Não, nunca fomos! Nunca fui exposta, mas me senti igualmente atacada, pois tenho empatia, tenho um corpo, sou vista como mulher e todos sempre esperam o momento pra apontar o erro. Me coloquei no lugar de Alejandra, e de tantas mulheres que sofrem com uma sociedade patriarcal que culpa a vítima sempre e não dá nenhum tipo de amparo a mesma. Algo que me deixou especialmente triste, foi ver que muitos dos agressores eram mulheres, machismo reproduzido é real e igualmente lastimável, e sendo uma, poderiam ser todas... Alejandra foi apedrejada por ser uma garota que fez sexo, que deu o que era dela, foi vista como puta e demônio por pessoas que não conseguem compreender que não haveria vítima se não houvesse criminoso. O sexo foi entre dois, a situação foi exatamente a mesma, mas não as consequências. Em nenhum momento o homem foi questionado, não foi com ele que mexeram, não foi sobre ele que recaíram as agressões, não foi ele que tentaram violar por acharem que "se deu pra uma, dá pra todos".
Ela. Ela. Sempre ela. Sério, cara. Que mundo de merda é esse?
Deus Não Está Morto
2.8 1,4K Assista AgoraPuro proselitismo religioso. Quase uma pregação maniqueísta. Mas o que o torna esse filme uma total perda de tempo é a visão extremamente unilateral, preconceituosa e ofensiva com a (des)crença alheia. Não é nada mais que uma propaganda do cristianismo.
Miss Violence
3.9 1,0K Assista AgoraNão me lembro de ter sentido tanto desprezo, nojo e impotência... É necessário estômago, os 98 minutos parecem não acabar mais. O processo de angústia no espectador é gradual, aumenta conforme a trama se desenrola. A princípio, o que vemos é apenas uma família inquieta, após o suicídio, as coisas começam a ficar estranhamente tranquilas demais, e é a calmaria que entrega que as coisas estão muito erradas naquela casa, a sensação que se tem é que ninguém pode falar sobre o que aconteceu. A ausência de trilha sonora foi genial, só evidência o silêncio desconfortável, apatia e passividade daquelas mulheres. Os olhares dissimulados, ações, movimentos disfarçados, punições... Aos poucos situações ainda mais cruéis transparecem.
A cena do abuso da filha mais velha pula na cara do espectador sem nenhum aviso, quase desconexa ao resto da história, escancarando uma realidade completamente pesada, causando uma sensação de soco no estômago enorme e um extremo mal estar.
Avranas constrói uma direção corajosa, que se mostra bastante segura, se utilizando de um jogo de câmeras que consegue causar no espectador a sensação de estar no dia-a-dia da família, junto de uma fotografia maravilhosamente desbotada e um roteiro com poucos diálogos. Silenciar sobre temas como esse, é fechar os olhos e negar que coisas assim acontecem e são uma realidade mais comum do que se pensa.
Recomendado para se assistir uma vez só.
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraSem querer ser do contra e tal, o trailer também me emocionou bastante, mas... sei lá, não me agrada tanto que dentre toda a história desse homem magnífico, parte de sua biografia seja focada em um romance que acabou em um divórcio litigioso. Claro que o fato de ter acabado não significa que não foi real, mas esse não deveria ser o tema central. (Hollywood e sua mania de enfatizar relações românticas ao redor de qualquer história)
Penso que seria de muito mais importância e relevância para o roteiro se o foco fosse direcionado a pesquisa cosmológica brilhante que Hawking conseguiu, enquanto o mesmo estava em tratamento de sua doença, e o conhecimento extraordinário nos campos da relatividade geral. Enfim, o que temos por agora é só um trailer e algumas especulações, e eu realmente torço pra que tenham conseguido encapsular a essência de uma das maiores mentes de uma geração
Lucy
3.3 3,4K Assista AgoraLevando em conta que o filme tem como base de roteiro uma falácia científica ridícula, eu espero no mínimo boas cenas de ação.
A Grande Vitória
2.5 116Quem concedeu o drt de ator a Caio Castro, só podia estar louco!
Ouija: O Jogo dos Espíritos
2.0 983 Assista AgoraJumanji 2