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Últimas opiniões enviadas

  • tombiz

    "Lançar luz" sobre algo é sinônimo de revelar. Expor. Mostrar ao mundo. E quando a luz tem todo um império para si, tudo pode ser revelado. Dos mais sutis gestos de humanidade às atitudes mais desumanas. Afinal, tudo faz parte da experiência humana.

    Império da Luz é sobre isto. Um filme que, antes de ser sobre a decadência do cinema à moda antiga, sobre uma crise de meia-idade, sobre doença mental, sobre abuso moral e sexual, sobre racismo ou simplesmente sobre como a nossa sociedade é altamente disforme (pois os mesmos problemas se mantêm intactos mesmo se passando quarenta anos entre a era retratada e o hoje), é sobre tudo isto, junto e misturado.

    E, ao mesmo tempo em que tenta ser um filme sobre tudo, acaba ser um filme sobre nada. Pois, assim como a luz bate na superfície e é refletida, Império da Luz tem a tendência a ficar apenas a refletir o raso. Em alguns momentos, parecia um exercício de geração de roteiro com palavras-chave impactantes ou controversas via inteligência artificial. Doença mental, racismo, crise de meia-idade e, principalmente, o mundo do cinema, são, afinal, temas típicos de Oscar bait.

    E o filme falha por isto. Ao tentar abordar tanta coisa, acaba não explorando profundamente nenhuma. Os personagens e seus intérpretes são altamente carismáticos e hábeis, mas simplesmente não há base para nada que saia do unidimensional, especialmente para aqueles que não têm muito tempo de tela.

    "Vergonha não é uma condição saudável", disse a personagem da Olivia Colman em algum momento. E realmente não é. Assim como Império da Luz não chega a ser vergonhoso. Só é "OK" ao extremo.

    E o pior de tudo é perceber que havia potencial aqui para algo muito maior, mas que acabou ficando escondido nas sombras. A luz simplesmente não conseguiu chegar em tantos cantos escuros que o filme teve a ideia de tentar explorar. Uma pena.

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  • tombiz

    Depois de perder as colônias, o rei também resolveu perder sua mente! É sobre as desventuras vividas pelo Rei George III (Nigel Hawthorne) e suas consequências para a corte britânica que o filme se debruça. E sobre o quanto a decadência das faculdades mentais pode gerar perigos... ou oportunidades, por que não?

    Aliás, é sobre oportunidade que mais se deve falar aqui. Porque certamente havia aqui algo muito oportuno para ser grandioso. A reconstituição da época é perfeita, a cinematografia sublime e as performances preciosas... mas o tom do filme é tão jocoso.

    Não que seja uma comédia per se, mas tornou-se uma pelo desenrolar. E não que as situações ali vividas não possam ser engraçadas, bem pelo contrário. Mas o desenvolvimento é tão repetitivo que certamente chega a cansar.

    Quando se pretende um pouco mais sério, até brilha um pouco mais. Mas, colocando na balança, os momentos de sobriedade da película em si não conseguem reverter todo o resto. Assim como não conseguiram reverter para o Rei George. Afinal, por mais que tenha feito inúmeras coisas, também é conhecido como 'o rei louco'.

    No fim, na tentativa de balancear o absurdo com o trágico, o filme preferiu dar muita vazão plena ao desatino e bem pouco à tragédia envolta em tudo. Acaba por ser unidimensional e simplista quando poderia ser muito mais. Uma pena. Ou uma loucura, talvez?

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  • tombiz

    Raramente atualizações de gêneros antigos funcionam tão bem. Aqui temos um filme noir (inclusive é um remake de um, Pacto de Sangue) trazido com perfeição para sua época. Com as devidas atualizações e mudanças para torná-los mais atual, claro, mas sem perder os meandros que faziam o gênero funcionar.

    Isso significa que já teremos visto esta história e não haverá nada de revolucionário por aqui. Mas isto não é um problema. Porque o filme não só homenageia como moderniza o gênero enquanto já abre alas para um outro gênero que se popularizaria a partir daqui, o erotic thriller. Derivativo, mas também pioneiro, ao mesmo tempo. Uma raridade!

    A história também não é nada que foge às rotinas do gênero. Casal planeja crime, coisas saem errado, crime é executado mesmo assim, algumas coisas não reveladas começam a vir à tona e vão complicando a situação até o ponto de não-retorno, etc. Até o fim já é bastante previsível bem antes de o desfecho se estabelecer. Mas isto também não é um demérito, nem de longe, porque tudo se constrói na tela de uma forma muito sólida.

    Kathleen Turner está espetacular como a femme fatale irresistível. Não à toa temos aqui um personagem que basicamente construiu uma carreira. Ela simplesmente tomou a chance e aproveitou ao máximo. Não acho que esteja extremamente desenvolta e ela certamente tem trabalhos melhores após este, mas ela faz exatamente o que é necessário para o papel com precisão.

    William Hurt, da mesma forma, modula muito bem esse personagem que poderia ser basicamente qualquer homem que pensa mais com a cabeça de baixo que com a cabeça de cima. Aliás, o filme é uma obra-prima para quem quer ver como um homem consegue arruinar sua vida se pensar com a cabeça errada.

    O mais impressionante de tudo é que este é o trabalho de um diretor iniciante, o Lawrence Kasdan. Tudo se encaixa tão bem e o ritmo é tão bem executado que fica até difícil de acreditar. Mas o cineasta evidentemente tem talento, como provou com vários de seus filmes subsequentes e esta é uma estreia que não deixa em nada a desejar.

    No fim, não tem coisa que eu odeie mais na vida que o calor infernal e o suor pegajoso típico de verões intermináveis. Mas até isto este filme conseguiu me fazer esquecer porque nunca corpos ardentes parecem tão sensuais e instigantes na tela. Para quem reclamava de "gratuidade na nudez", está aqui o exemplo perfeito de como fazer isto com classe e bom senso, sem apelar para isto pelo mero shock value.

    De uma coisa tenho certeza: não é preciso suar nem um pouco para fazer uma boa escolha do que assistir se você gosta do gênero. Basta apertar o play e apreciar Corpos Ardentes.

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