Últimas opiniões enviadas
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Rivais
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Saltburn
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Em muitos casos, boas atuações salvam produções ruins e/ou medianas. Aqui, definitivamente não é o caso. A despeito da atuação brilhante de Barry Keoghan, é gentileza dizer que o longa é, em todos os aspectos, apenas juvenil. Em alguns momentos, tive a impressão de estar assistindo à novela Malhação. A trilha sonora, se não fosse pelo roteiro desengonçado, preguiçoso, previsível, portanto nada inovador, seria o que existe de pior no longa. A direção de arte tem seu valor, mas acaba entrando em liquidação pela falta de conteúdo, tornando-se apenas vazia e barata.
Para quem realmente está acostumado com produções verdadeiramente impactantes, Saltburn sequer provoca um leve arrepio no antebraço. Sinceramente, não consigo compreender o motivo de tanto alarde em torno desta produção.
O real privilégio reside na posse de um orçamento imponente, um elenco de excelência e, ainda assim, conceber algo tão desprovido de qualidade.
Lamento saber que muitos profissionais talentosos, criativos e inventivos, portadores de histórias verdadeiramente intrigantes e comoventes, munidos de habilidade técnica e intelectual para trazer críticas sociais importantes através de produções audiovisuais, raramente terão acesso aos recursos humanos e materiais que foram concedidos à diretora de Saltburn para dar vida às suas obras.
Últimos recados
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Alan Guimarães
Oi, Bruno, obrigado pela curtida da minha lista de filmes sobre História Geral e espero que tenha gostado dela, mas tem também as minhas outras listas complementares de filmes sobre História do Brasil e sobre o Oriente Médio, espero que você goste também. Abraços.
Aqui, mais uma vez, eu estou na contramão do hype. Sim, o longa tem pontos positivos que merecem ser destacados, como, por exemplo, a excelente trilha sonora, no mínimo eletrizante e funcional ao desenvolvimento da trama, assinada por Trent Reznor e Atticus Ross, que sempre nos brindam com excelentes produções. A química e atuações de Josh O'Connor e Mike Faist são absolutamente soberbas, e compreende-se o porquê de a maquiagem e o figurino também merecerem elogios. No entanto, esses aspectos não funcionam, para mim, na personagem de Zendaya. Aliás, ela definitivamente não me convenceu no papel em questão. Durante a parte do filme em que a personagem dela avança em idade, ela se expressa, para mim, como uma caricatura de uma mulher. Não convence como adulta responsável. O figurino soa forçado, pretensiosamente adulto. Todo o triângulo amoroso, inclusive, é excessivamente juvenil, assim como o roteiro.
O roteiro é o principal ponto negativo do filme. Geralmente, considero o roteiro a alma de um filme, o que possivelmente explica o motivo pelo qual nutri uma opinião tão negativa sobre o longa. Percebi que o roteiro vem sendo muito elogiado, o que me causa estranheza, pois não há nada de hiper inovador ou altamente inteligente nele. Em alguns momentos, o roteiro subestima o telespectador, como quando explicitamente o induz a fazer uma correlação entre as relações dos protagonistas e a partida de tênis, e em outros deixa de aprofundar aspectos que mereciam maior penetração. A tensão sexual entre Patrick e Art, muito presente, inclusive, em simbolismos como em objetos fálicos aparentes em cenas onde ambos interagem, é digna de interesse, mas, por ser mal desenvolvida, acaba propiciando a sensação de que não há sentimentos dignos de laços fortes entre eles, apenas interesse sexual.
O forte apelo sexual presente no longa, apesar de funcional ao roteiro e à trama, soou exacerbado para mim. Senti-me incomodado, desconfortável, e encarei muitas das cenas que privilegiam o apelo sexual como desnecessárias. Ao não aprofundar, trazer fundamentos convincentes às relações carregadas de sexo, de desejo, tendeu à hiperssexualização corpórea masculina e feminina, indo na contramão de uma tendência consistente em Hollywood, onde a presença de cenas de sexo em longas vem caindo substancialmente. O roteiro pobre fez com que eu sentisse que já estava assistindo o longa há pelo menos 4 horas, ansiando pelo seu término. A montagem tem seu valor, imprime o estilo do diretor, é funcional para a trama, mas não é digna de ovação. Para mim, dos filmes que assisti do diretor, Luca se sobressai no excelente "Me Chame Pelo Seu Nome". Em "Rivais", o passeio entre diversos gêneros também pode ser destacado como um aspecto positivo, sendo um filme de difícil classificação.
No final, o que mais merece ser elogiado, apesar de não ter me agradado, é a personalidade e a visão do diretor, que estão presentes e fazem com que seu nome queira ser pronunciado.