Tomboy (2011)

País: França

Duração: 1 h e 22 min

Diretor: Céline Sciamma

Gênero: Drama

IMDB: www.imdb.com/title/tt1847731/


Quem nunca achou que um(a) determinado(a) amigo(a) de infância ou da escola tinha comportamentos não condizentes com o seu sexo? Muitos estudiosos dizem que a transexualidade é intrínseca da pessoa e já se manifesta desde os primeiros anos de vida. Realmente não tenho o conhecimento necessário para corroborar essas palavras, entretanto, “Tomboy” mostra um exemplo desse tipo de manifestação precoce, através da observação de seu – ou sua – protagonista. Um caso que está cada vez mais próximo de nossos cotidianos.

O filme conta a história de Laura – ou Mikael -, uma menina de nascença que, claramente, não enxerga em seu corpo feminino uma identidade sexual adequada às suas convicções, pois usa roupas e tem comportamento masculinos e vê aflorar, após se mudar de residência, uma atração por sua nova colega, Lisa. O filme consiste em mostrar o processo de afirmação do(a) protagonista e o comportamento de seus pais e amigos quanto a essa peculiaridade da garota.

Chama a atenção no início a semelhança de Laura com um garoto de traços femininos, como, por exemplo, o ator americano Leonardo di Caprio. Segundo a diretora, foi um papel feito sob medida para a atriz que interpretou Laura. Realmente, dá até para ficar em dúvida quanto ao sexo da menina, mas, quando uma cena distante de um banho é mostrada, observamos sua genitália desnuda e desvendamos o primeiro mistério do filme: Laura é realmente do sexo feminino, contudo, nota-se que em nenhum momento ela tem dúvidas quanto a sua identidade sexual, mas seus pais demonstram uma grande inocência, ao considerarem os atos de sua filha como brincadeiras de criança. Esse é um ponto bastante falho na minha opinião. Soa meio utópico, dado o evidente e persistente comportamento masculino de Laura. Talvez o amor os tenha cegado! Abro um parênteses para dizer que acredito piamente nessa afirmação – o amor dos pais é tão grande que, às vezes, eles não conseguem enxergar coisas que todos os que “estão de fora” enxergam até com certa facilidade.

O roteiro em si poupa o espectador de assistir a grandes preconceitos, até por mostrar um meio eminentemente infantil em grande parte da narrativa, mas, para apimentar essa narrativa de descobertas, insere alguns constrangimentos que têm até uma função didática para os envolvidos. De qualquer forma, o tema da transexualidade é tratado de forma singela, sem forçar a barra e nem inserir violência desnecessária. O roteiro, após o choque inicial, foca principalmente em atitudes que permeiam a aceitação da condição da menina, e que são parecidas com as que vemos no mundo atual. É uma aceitação paulatina! Podemos, sem nenhum problema, classificar o filme como ilustrativo ou exemplificativo da temática do afloramento da transexualidade, pois ele exprime bem os dramas inerentes a essa condição em um determinado indivíduo e o olhar da família e da sociedade sobre o assunto.

Merece destaque o esforço que Laura emprega para incorporar Mikael – seu personagem masculino. Na maioria das vezes, ela tira de letra, mas, em algumas situações, há de haver uma boa dose de improviso – o que rende boas gargalhadas e apenas confirma a escolha sexual de Laura. Não se trata de brincadeira, como acham seus pais – tudo já está definido e consolidado. Até o título do filme já evidencia o que vai acontecer. Tomboy significa “uma menina que se veste com roupas de homem” ou, simplesmente, é um estilo de se vestir que tem essas características. Na verdade, não há conflitos internos quanto à identidade sexual da protagonista, ela já inicia o filme sabendo o quer, resta apenas assistir aos desdobramentos e torcer para que os personagens a poupem de situações maldosas, mas não há com o que se preocupar, “Tomboy” foi produzido com o coração e não tem a intenção de chocar.

Não adianta tapar o sol com a peneira, pois pessoas das mais diversas orientações e identidades sexuais compartilham o mesmo meio que o nosso – o planeta Terra. Devemos aceitá-las em nome da paz, da humanidade e da boa convivência com o próximo, afinal elas são seres humanos como qualquer um de nós e devem ter suas dignidades respeitadas.

O trailer, com legendas em inglês, segue abaixo.

Adriano Zumba


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